(texto originalmente publicado na edição de 25 de Fevereiro do Jornal de Leiria)
Temos de ser nós próprios, e ser fiéis aos nossos princípios. É o que nos dizem.
Vivemos os tempos da híper individualidade onde estamos cada vez mais sós, na individualidade exacerbada que ambicionamos ter, já que é a que nos promove, nos diferencia e parece preencher uma existência de outro modo vazia. Acabamos a afirmarmos e a reafirmarmos quem somos, qual Paula Rego, numa auto análise junguiana.
Mas enquanto sociedade temos mais desafios conjuntos do que impor a nossa personalidade, cultura e identidade acima de tudo e todos.
Objectivos comuns, e bem woke, como a emergência ambiental e o crescimento da intolerância, mas também objectivos mais mundanos, como a limpeza do rio ou a melhoria das condições de transporte são causas que promovem a união social. Juntos por algo.
Parece-me que o futuro não está no individualismo. Encontro no colectivismo e associativismo a solução para muitos destas situações, como se pode aliás observar e bem em Leiria. Mas parece que isto é algo que os políticos ainda não perceberam, relegando para especialistas as decisões subjectivas inerentes ao cargo para o qual foram eleitos.
Precisamos de planos, de uma estratégia que possa de facto contribuir para o enriquecimento a vários níveis da sociedade, mas também precisamos que as pessoas que os levem a bom porto acreditem neles, sem se alhearem de tomar uma decisão, com receio de verem expostos aquilo que pensam.
Precisamos de gente que não tem medo de ser ela própria.
Se por um lado as conquistas das liberdades individuais e colectivas são umas das lutas de hoje em dia e nos permitiu progredir em aspectos sociais, mostrou-nos o quão egomaníaco se pode transformar o ser humano, desprezando inclusive o planeta que habita.
Parafraseando B Fachada, temos de admitir a nossa incompletude e ter a humildade para aprender e ser ensinado. Só assim crescemos uns com os outros.
Temos de, no fundo, Mudar de Método.